Cinemática de um Micromouse
Um estudo de caso de modelo matemático e computacional para Engenharia Mecatrônica

Gustavo Yoshimi Yamashita[1]
Cristiano Natal Tonéis[2]

Resumo: Este projeto tem como objetivo o planejamento e a construção de um micromouse ou robô móvel capaz de mapear e resolver labirintos bem como o estudo e descrição dos modelos matemático-computacionais envolvidos em sua cinemática. O processo de mapeamento e localização simultâneos – SLAM – desvela-se como um dos processos robóticos atuais de maior complexidade e aplicabilidade. Com autores como Veiga et al. (2011); Silva (2009) e Elshamarka and Saman (2012) entre outros, propomos no desenvolvimento do micromouse o algoritmo Flood Fill para o processo de solução do labirinto. As aplicações deste processo se estendem para quaisquer estudos de robôs autômatos, capazes de se localizar e mapear o ambiente onde estão. De pequenos robôs domésticos (aspiradores de pó, social robots, etc.) até automóveis autômatos, processos de localização e mapeamento são fundamentais. Com isso nossa pesquisa apresenta um estudo voltado para as características matemáticas e computacionais, além de estrutural, da cinemática destes robôs para engenharia mecatrônica.

Palavras-chave: Micromouse; flood fill, cinemática de robôs; SLAM

1. Introdução
A robótica é uma das áreas que se apresentam promissoras na ressignificação das relações humano/máquinas. A necessidade do uso de robôs para executar tarefas humanas têm crescido gradualmente, como em autoatendimento em supermercados – em São Paulo primeiros supermercados inteligentes – recepções em hotéis[3] (robôs de informações e localidades até sistemas de segurança).
Uma vez que eles (os robôs) possuem a propriedade de auxílio ou da substituição de mão de obra humana em diferentes processos, como os industriais ou em tarefas repetitivas que podem oferecer riscos a segurança da pessoa, como por exemplo: busca por vítimas em acidentes; desarmamento de bombas; deslocamento em áreas radioativas; auxílio em incêndios; atuação nas profundezas de rios ou mares e em outros planetas como exemplo a sonda Opportunity[4] da NASA, que atuava em Marte.

Os diversos tipos de aplicações, estruturas (veículos, braços ou manipuladores robóticos, complexos) e funcionamento dos robôs, requerem estudos voltados para os sistemas de locomoção, instrumentação, localização, controle e planejamento da ação, de forma a atender as necessidades fim a fim de cada robô. (HIRAKAWA, SARAIVA; CUGNASCA, 2007, p.10).

“Micromouse” é um nome referente a um robô autômato com a habilidade de resolver labirintos, ou seja, ele deve se localizar, mapear, calcular determinada rota e então encontrar a saída (ou seu destino) de modo eficiente.
Entendemos como eficiente a habilidade computacional de processamento do micromouse mapeando e se movimentando pelos espaços do labirinto para chegar a seu destino ou término – sistema de localização e mapeamento simultâneos.
Historicamente, existia uma competição em 1980 conhecida como Micromouse Competition, “a competição Micromouse envolvia um labirinto quadrado de tamanho fixo, com posições predeterminadas de início e término no labirinto. O ponto de chegada e o ponto de partida eram ‘conhecidos’ pelo rato antes dele começar” (DAVID, 2001, p.1).
A utilização dos princípios de solução de labirintos do Micromouse é capaz de trazer benefícios para os modelos de relações entre homem/robôs, afinal desejamos máquinas que possam “conviver” em nossos espaços sociais, seja em ambientes fechados como nossas habitações residências ou públicos com shoppings centers, praças, etc.
Neste sentido um labirinto pode ser entendido como uma estrutura (física ou metafórica) que possui caminhos incertos, e isto se assemelha a qualquer lugar em nosso mundo vivencial no qual precisamos constantemente ser capazes de “localizar e mapear” como, por exemplo, movimentarem-se pelas ruas de uma cidade, parques ou ainda em casos de caminhos entre escombros em caso de desastres ou acidentes, prédios com grandes quantidades de corredores, etc.
Esta habilidade de interpretação de um local de acidente, como um labirinto, auxilia o robô a se localizar e se desviar de obstáculos, e com isso, podemos então, fazer uma analogia entre a parede do labirinto com as paredes de um prédio ou seus escombros, deste modo, seria possível auxiliar em buscas em casos de desastres.
Além disso, em cursos de engenharia mecatrônica a cinemática de robôs se apresenta como Geometria Analítica e Álgebra linear aplicadas a processos robóticos. Isto confere uma necessidade para uma introdução global de conceitos e modelos matemáticos que visam à produção da cinemática para cada tipo de robôs.

1.1 Objetivo Geral
Descrever e mapear a cinemática de um micromouse – robô móvel – a ser desenvolvido para ser capaz de percorrer um labirinto e identificar objetos pré-determinados – cores – bem como seu destino.

1.2 Objetivos específicos
ü  Identificar e descrever a cinemática, os modelos matemático-computacionais, para o micromouse;
ü  Simular e testar os algoritmos para resolução de labirintos e escolher o eficiente para este projeto com o Simulador on line Maze;
ü  Mapear e explicar o algoritmo Flood Fill para resolução de labirintos;
ü  Identificar e descrever os modelos matemáticos presentes no algoritmo;
ü  Definir os componentes eletrônicos; produzir e programar o micromouse para solução do labirinto e identificar objetos (cores) em seu percurso;
ü  Localizar e mapear o labirinto – Simultaneous localization and mapping (SLAM) – Localização e Mapeamento Simultâneos, ao se movimentar para chegar à solução (marcador final);

2. Metodologia Materiais e Componentes
Nossa metodologia, adotada neste projeto, pode ser qualificada como Hands On, ou seja, é uma experiência de aprendizagem na qual criamos a oportunidade para o protagonismo e o desenvolver-se por meio de atividades nas quais é necessário planejar, criar, modelar; articular conhecimentos, ou seja, colocar a “mão na massa” e construir produtos ou protótipos que derivem em soluções criativas para um problema.
A metodologia para o desenvolvimento do micromouse foi dividida em três etapas que se articulam e produzimos um cronograma metodológico (Tabela 1):
ü  Levantamento teórico e busca de modelos de micromouse, seus componentes, possibilidades de recursos e dimensões do robô;
ü  Otimizar as dimensões do robô e criar uma placa dedicada para que ela também funcione como chassi do robô. É possível devido à disponibilidade dos equipamentos no Fiap Maker Lab;
ü  Montar e programar o micromouse – hardware e software – em linguagem C visando o melhor desempenho.

Tabela 1: Cronograma Metodológico
Atividade
Desenvolvida
2020
1° semestre
2° semestre
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Revisão Bibliográfica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Definição e compra dos componentes e sensores para o micromouse
X
X










Redação do projeto
X
X










Simulação de algoritmos para resolução de labirintos em relação ao Flood Fill
X











Compreensão e mapeamento/diagramação do algoritmo Flood Fill
X











Organização dos modelos matemáticos e computacionais para o micromouse
X
X
X
X








Desenvolvimento do protótipo – programação

X
X
X








Desenvolvimento do protótipo – Construção robótica


X
X
X
X






Testes do protótipo e possíveis alterações




X
X
X
X
X
X
X
X
Redação de artigos e descrição cinemática do micromouse – produção do estudo cinemático.

X
X
X
X
X
X
X
X
X


Disponibilidade para Participação em Eventos
Congressos/seminários


X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Fonte: Produzido pelo autor
3. Breve histórico e Trabalhos Relacionados
Lima da Silva (2016) explicou que “Micromouse” é um evento onde pequenos robôs devem resolver um labirinto (o modelo clássico com 16 × 16 quadrados de 18 cm), teve início ao final da década de 1970. O micromouse teria a sua própria memória e lógica autossuficiente, o qual deveria navegar e solucionar um labirinto (mantido em segredo até a hora da corrida). Cada robô tinha uma oportunidade para sondar o labirinto na corrida de teste, aprender com seus erros, e, assim, melhorar o seu tempo na corrida final. Os eventos são realizados por todo o mundo, e são muito populares no Reino Unido, EUA, Japão, Cingapura, Índia, Coreia do Sul entre outros.
É relevante citarmos que os projetos de micromouse visam à produção destes pequenos robôs móveis (por isso a analogia com ratos – mouse) para participarem de corridas na resolução de labirintos. Alguns projetos destacaram-se em nossa revisão bibliográfica colaborando de forma mais incisiva em nosso projeto, entre outros, são eles:

(A) The PropMou8e
Nosso primeiro projeto referência foi um design elaborado por Adkins (2018) – Figura 1 – e, para competir em WVU Tech na conferência estudantil IEEE R2 no ano de  2018 (Adkins venceu conquistando o segundo lugar). Em sua versão final do micromouse nos orientou aos quesitos de hardware (componentes eletrônicos utilizados) e software (programação) auxiliando no início de nossa pesquisa. Compreendemos, por meio de seu trabalho, como devemos seguir com nosso projeto.


Figura 1: Exemplo de Micromouse.
Fonte: Design de Adkins (2018)

(B) Projeto de robô MicroMouse
De Carvalho e Ferreira (2015), procurou descrever um robô solucionador de labirintos (Figura 2) baseado no algoritmo de Flood Fill. Em sua programação a etapa de detecção de paredes e aberturas no labirinto foram realizadas utilizando sensores de distância infravermelhos (IR). No algoritmo para correção no deslocamento do robô em linha reta foi utilizado um controle PI(D). Deste modo o robô foi capaz de analisar o labirinto, encontrar todas as possíveis rotas de saída e solucionar utilizando o menor caminho, sendo assim mais rápido. 


Figura 2: Projeto Micromouse
Fonte: Carvalho e Ferreira (2015, p.1)

Apesar das funcionalidades não houve uma preocupação com o design ou ainda descrição detalhada dos modelos adotados.
Nosso projeto apresenta uma dimensão para a produção de conhecimentos no processo de compreensão e produção do micromouse articulando habilidades matemáticas (modelos matemáticos); computacionais (programação) e de eletrônica (componentes do hardware) formando o que chamamos de engenharia mecatrônica.
Pellegrino et al (2012) apresentou as competências para o século XXI, elencando-as:
ü  Pensamento crítico;
ü  Comunicação;
ü  Colaboração;
ü  Criatividade.
Acrescentamos como um espectro da comunicação à habilidade de programação e assim a criação, alteração ou articulação entre tecnologias digitais. Acreditamos que toda inovação somente é possível mediante a produção de conhecimentos. E ainda apresentamos o estudo do micromouse como uma forma de introdução a conceitos da cinemática de robôs em cursos de engenharia mecatrônica.

4. O micromouse e suas potencialidades: modelos matemáticos e computacionais
Craig (2006, prefácio) [5] afirmou que “a robótica está relacionada ao desejo de sintetizar alguns aspectos da função humana através do uso de mecanismos, sensores, atuadores e computadores”, para realizarmos esta síntese e reproduzir os movimentos humanos (mecânicos repetitivos) sendo para isso necessário a descrição, compreensão e mapeamento da cinemática aplicada a cada tipo de robô.
Por se apresentar entre as ciências contemporâneas têm, por enquanto, os estudos da cinemática de robôs como casos particulares: robôs manipuladores, um de determinado modelo de robô móvel; uma esteira inteligente associada a outros robôs em uma linha de produção, etc., ou seja, em cursos de engenharia mecatrônica, podemos introduzir conceitos da cinemática advindos da geometria analítica e álgebra linear por meio de estudos de caso.
Assim, ao descrevemos uma introdução para cinemática de robôs desejamos oferecer oportunidades de aplicações e criar “links” com conteúdos clássicos da engenharia ou matemática, como estudo de matrizes ou espaços vetoriais, operações geométricas entre vetores, etc.
Por meio da apresentação de um caso (ou estudo de caso) podemos realizar um caminho com uma metodologia ativa. Borges e Alencar (2014) afirmaram que as metodologias ativas de ensino-aprendizagem oferecem recurso didático com base em uma formação crítica e reflexiva, como no caso do método PBL – Aprendizagem baseada em Problemas – e os grupos operativos.
Deste modo, oferecer um estudo pelo qual, além de um protótipo, possamos descrever e organizar a cinemática em termos de modelos matemáticos e computacionais estamos, então, criando espaço para uma introdução a cinemática de robôs móveis.
Tonéis (2015) procurou esclarecer a importância dos modelos matemáticos e computacionais (Figura 3) para o desenvolvimento ou articulação de novas tecnologias digitais.
(A) Modelo matemático: são os algoritmos matemáticos que utilizamos para solução de problemas ou ainda a generalização de soluções para viabilizar a automação dos cálculos. Seja modelos da geometria analítica e álgebra linear (cinemática de robôs) ou do cálculo diferencial para solução de problemas. O Método Numérico decorre dos modelos matemáticos e se articula com o modelo computacional, pois visa à conversão de um modelo matemático anteriormente calculado humanamente a um código que uma máquina (robôs, por exemplo) possa resolver. O método numérico é o responsável por estabelecer qual o modelo mais eficiente para máquina, por exemplo humanamente não é viável repetir uma operação 100 vezes com o objetivo de reduzir o erro de uma expressão (métodos interativos), no entanto para o computador uma rotina de repetição é algo rápido e ágil, muitas vezes mais indicada que escrever muitas linhas de código com muitas operações envolvidas.
(B) Modelo computacional: engloba as lógicas computacionais (booleana; fuzzy; redes neurais; quântico) bem como as linguagens de programação (C; C#; C++; linguagem de programação Arduino[6]; etc.).

Figura 3: Fluxograma de ações para resolução de um problema (TONÉIS, 2015, p.14)

Assim o desempenho de um determinado modelo matemático pode ser afetado pelo modelo computacional. É na articulação destes modelos e sua constante revisão e análise que encontramos as possibilidades de avanços e descobertas.
Atualmente a robótica pode ser descrita em duas frentes igualmente importantes e articuláveis entre si na criação de robôs (ou objetos autômatos):
ü  Robôs móveis: todo tipo de autômato que se móvel, abrange desde aspiradores de pó; limpadores de piscina; robôs exploradores (Rover Curiosity, em Marte) até carros e armas bélicas.
ü  Robôs manipuladores: englobam os braços robóticos seja humanoide ou não como no caso das indústrias automotivas entre muitas outras.
Uma necessidade constante aos sistemas autômatos encontra-se na determinação de sua posição e identificação da posição de outros objetos, ou seja, de um mapeamento do espaço onde ocorre sua ação. Este sistema denomina-se Simultaneous localization and mapping ou SLAM (mais frequente na robótica móvel) e pode apresentar relação com GPS e sistemas de path finding. SLAM foi originalmente proposto por Leanard et al. (1991) articulando para isso diferentes algoritmos.
Para o caso dos robôs manipuladores, muitos modelos ainda não necessitam mapear espaços, apenas ser capaz de “saber onde está”. Nosso projeto do micromouse envolve nesta etapa o processo de localização e a preparação para o sistema de mapeamento. Desde modo compreendemos que Modelo eficiente, em nosso projeto, significa o micromouse ser capaz de resolver o problema ou chegar ao ponto de destino com o menor número de movimentos possíveis.
Descrevemos, a seguir (Figura 4) , matematicamente (vetorialmente) a tomada de decisões de nosso micromouse:

Figura 4: Esquema vetorial para o micromouse – cinemática
Fonte: Composição do autor.

Com auxilio de trabalhos como Rodrigues Filho et al. (2017);  Benavides et al. (2018) e Arthaya; Sadiyoko e Hadiwidjaja (2006)  e ainda ROSA et al. (2015) sintetizamos os principais algoritmos (modelos matemáticos ) e procuramos elencá-los a seguir para denotar e justificar nossa escolha pelo Flood Fill, assim:
ü Flood Fill Algorithm: trata-se de um algoritmo que cria uma matriz pré-programada com as dimensões do labirinto, sendo que os números são alocados de tal forma que o labirinto se organize em curvas de níveis, sendo o inicio com  a numeração mais elevada, e a chegada numerada com zero.
ü Right Wall Following: Seguidor de paredes a direita, sempre segue a parede à direita.
ü Left Wall Following: Seguidor de paredes à esquerda.
ü Randômico: em desvios as escolhas do robô são aleatórias (ao acaso);
ü Tremaux: conhecido como “Algoritmo de força bruta”, pois o robô tem que percorrer ou “visitar” todas as células do labirinto;
ü Potential value: Valor potencial é qualquer valor possuído por qualquer célula (ou área quadrada) que representa a distância mínima em números escalares de passos retangulares do ponto de destino localizado no centro do labirinto que valor zero (0). É com se desenhasse retângulos a partir do destino (0) e esses retângulos vão aumentando de valor o caminho a ser percorrido deverá ser o de menor somatório.
Vejamos um exemplo envolvendo alguns destes algoritmos (modelos matemáticos) para resolução do labirinto (Figura 5), ou seja, a partir de nossa revisão e estudos bibliográficos e simulação elegemos Flood Fill e por isso executamos simulador para chegar à região central, como critério de exemplo:

Figura 5: Simulador on line – Maze 90tor.
Fonte: Disponível em: <http://bblodget.github.io/MicromouseSim/>. Acesso em out. 2019.

Observamos os resultados obtidos na simulação on line:
ü Flood Fill Algorithm: centro encontrado com 221 movimentos.
ü Right Wall Following: não encontrou o centro e passou diversas vezes pelo mesmo local
ü Left Wall Following: não encontrou o centro e passou diversas vezes pelo mesmo local
De fato, no trabalho comparativo feito por Elshamarka and Saman (2012) o modelo Flood Fill se demonstrou eficiente e adequado para a solução de diferentes modelos de labirintos, mesmo quando realizado com sensores ultrassônicos que produzem número de erros maiores para serem tratados pela máquina.
Apresentamos, no quadro 1 uma breve construção para exemplificar o modelo matemático deste algoritmo.

Quadro 1: Exemplo do modelo matemático para o Flood Fill Algorithm

Fonte: Composição do autor.

Na etapa de mapeamento o micromouse explora o labirinto e ao detectar o marcador de chegada, ou seja, alcançou seu objetivo que pode ser fornecido por um sensor ou um objeto (uma cor, por exemplo) ou ainda um QR-Code, isto depende dos sensores disponíveis no micromouse.
Em seguida ele retorna a origem de seu movimento e refaz o mapa em forma matricial, ou seja dota um modelo matemático adequado a sua exploração e tendo o mapeamento poderá executar com precisão seus movimentos.
O Micromouse possui conexão com qualquer outro projeto que envolva mapeamento e localização simultâneos (SLAM) realizada por robôs, pois, o mesmo modelo matemático e computacional utilizados podem ser eficientes na produção de diferentes ideias, como por exemplo: robô delivery; robô limpador de chão; veículos autônomos; robôs com alguns sistemas de navegações; etc.
Podemos citar como um exemplo mais próximo o Nanomouse, produzido por ROBOLABO em 2013 (venceu em segundo lugar no torneio em Kansai, Japão), a lógica do Micromouse pode ser aplicada em qualquer sistema, seja um robô com dimensões pequenas como no caso do Nanomouse (Figura 6) até projetos com funcionalidades mais complexas em termos de quantidade se sensores e sua inter-relações como em um carro autônomo, por exemplo.
O que nos impressionou no projeto do ROBOLABO foi seu tamanho reduzido, observamos as dimensões do protótipo mostrado na Figura 6. Isso demonstra uma potencialidade para trabalhos de nano robôs colaborativos (colmeia; colônias; bandos; etc.) ou comportamentos de grupos (REYNOLDS, 1999).

 
Figura 6: Exemplo de Nanomouse
Fonte: Robolabo (2013).


5.  Considerações finais: O “fio de Ariadne” e o labirinto rizomático
Arthaya; Sadiyoko e Hadiwidjaja (2006) chamaram de Autonomous Mobile Robot (AMR) a quaisquer robôs móveis autômatos. Particularmente, em nossa pesquisa, o micromouse é um Robô autômato móvel que possui a tarefa de alcançar uma região de destino (localizada no centro de um certo labirinto ou qualquer outro ponto). Se o labirinto nunca foi mapeado antes e o robô precisa encontrar a maneira mais fácil de chegar ao alvo. Seu processo de pesquisa envolve modelos matemáticos  que possibilitem sua realização sem qualquer intervenção humana. Algumas simulações mostraram a capacidade deste tipo de robô em buscar seu objetivo e como se comportou de maneira diferente, dependendo da complexidade do labirinto e da eficiência do algoritmo.
Descrever os modelos matemático-computacionais se torna tão importante quanto os aspectos eletrônicos, afinal é na complexidade conjunta destes aspectos que o robô demonstra sua capacidade resolutiva.
Um labirinto pode ser compreendido como um símbolo antigo concebido de diferentes formas e relações. Em nossa pesquisa o labirinto emerge como conceito que articula aspectos de sua criação e direções ou tomada de decisões.
Leão (2002) compreende um labirinto rizomático enquanto uma rede ou rizoma, ou seja, também se trata do labirinto enquanto metáfora. Um carro ao utilizar um aplicativo para traçar a melhor roda para chegar a um destino está solucionando um labirinto.
Logo, o labirinto do ponto de visto da robótica assume o papel metafórico para provocar a necessidade do autômato (robô ou em nosso caso o micromouse) ser capaz de identificar sua Localização e Mapeamento Simultâneos (do inglês SLAM), trata-se de uma técnica utilizada por robôs e veículos autônomos para construir um mapa de um ambiente ao mesmo tempo em que se localiza.
Em um primeiro momento, nosso micro mouse parte do principio de localização e posteriormente, em etapas futuras, trataremos do processo de mapeamento.
Os algoritmos que apresentamos nesta pesquisa se apoiam em um mapa pré-existente, assim como os aplicativos de navegação GPS.
Assim como o fio de Ariadne auxiliou Perseu a entrar e a sair do labirinto do Minotauro o micromouse deve ser capaz de traçar a melhor rota e chegar ao seu destino, seja o centro ou outra posição desejada, em nosso algoritmo a posição de número zero (0).
Veiga et al. (2011); Silva (2009) apresentam considerações consonantes quanto a importância da robótica para aplicação conhecimentos nos diferentes níveis de ensino, apontando para  prática e articulação das ciências como positivas e necessárias para a ressignificação dos espaços escolares.
Portanto, seja construindo, programando ou simulando o micromouse oferece em distintas esferas do conhecimento oportunidades de encontros, de descobertas de diálogos e pesquisa.

LinkdIn dos envolvidos





Referências Bibliográficas


ARTHAYA, Bagus; SADIYOKO, Ali; HADIWIDJAJA, Ardelia. The design of a maze solving system for a micromouse by using a potential value algorithm. World Transactions on Engineering and Technology Education, v. 5, n. 3, p. 509, 2006.

BENAVIDES, J. E. H.; CORREDOR, D. E. E.; MORENO, R. J., & HERNÁNDEZ, R. D. Flood Fill Algorithm Dividing Matrices for Robotic Path Planning. International Journal of Applied Engineering Research, v. 13, n. 11, p. 8862-8870, 2018.

BORGES, Tiago Silva; ALENCAR, Gidélia. Metodologias ativas na promoção da formação crítica do estudante: o uso das metodologias ativas como recurso didático na formação crítica do estudante do ensino superior. Cairu em revista, v. 3, n. 4, p. 119-143, 2014.



CRAIG, John J. Robótica. Tradução de Alfonso Vidal Romero Elizondo. 3.ed.  Person Education, México, 2006.

ELSHAMARKA, Ibrahim; SAMAN, Abu Bakar Sayuti. Design and implementation of a robot for maze-solving using flood-fill algorithm. International Journal of Computer Applications, v. 56, n. 5, 2012.

LEONARD, John J.; DURRANT-WHYTE, Hugh F. Mobile robot localization by tracking geometric beacons. IEEE Transactions on robotics and Automation, v. 7, n. 3, p. 376-382, 1991.

LIMA DA SILVA, Kleber. Embarcados. Micromouse: Um robô solucionador de labirinto. jun. 2016. Disponível em <https://www.embarcados.com.br/micromouse/>.  Acesso em jan. 2020.


PELLEGRINO, James W. et al. (Ed.). Education for life and work: Developing transferable knowledge and skills in the 21st century. National Academies Press, 2012.

REYNOLDS, Craig W. Steering behaviors for autonomous characters. In: Game developers conference. 1999. p. 763-782.

ROBOLABO. Kato. Laboratório de trabalho com robôs. Disponível em: <http://blog.livedoor.jp/robolabo/archives/cat_50001060.html>. 2013. Acesso em dez. 2019.

RODRIGUES FILHO, Francisco Marcolino; MEDEIROS, Darieldon de Brito; ALMEIDA, Otacílio da Mota. Otimização de algoritmo de resolução de labirinto para robôs micromouse. XIII SBAI – Simpósio Brasileiro de Automação Inteligente, Porto Alegre – RS, out 2017. Disponível em <https://www.ufrgs.br/sbai17/papers/paper_687.pdf>. Acesso em jan 2020.

ROSA, Anderson S.; LIMA, Luiz E. M., KULITZ Hans Rolf; SALOMÃO, João Marques. Um algoritmo para solução de labirintos com uso de robô móvel. In: XII Simposio Brasileiro de Automação Inteligente (SBAI). Natal/RN. out. 2015. Disponível em: <http://swge.inf.br/SBAI2015/anais/465.pdf>. Acesso em jan. 2020.

SILVA, Alzira Ferreira da. RoboEduc: Uma metodologia de aprendizado com Robótica Educacional. 2009.

SILVA, Andreive Giovanini. Projeto e construção de robô móvel tipo micromouse para bancada de busca e salvamento. Trabalho de conclusão de curso, Departamento de Engenharia Mecatrônica. Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Uberlândia-MG, 2017.

SOUSA JÚNIOR, Celso de; HEMERLY, Elder Moreira. Controle de robôs móveis utilizando o modelo cinemático. SBA: Controle & Automação Sociedade Brasileira de Automatica, v. 14, n. 4, p. 384-392, 2003.

SOUZA, Luis Fernando Freire de; REIS, Gabriela Lígia; CARVALHO,  Felipe Castro Teixeira de; BARROSO, Márcio Falcão Santos. A utilização de um robô móvel e autônomo para executar o mapeamento de ambientes por meio de sensores ultrassônicos. Laboratório de Estudos em Controle e Modelagem, Departamento de Engenharia Elétrica - DEPEL Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ, MG. Disponivel em: <http://sistemaolimpo.org/midias/uploads/0dc10af2cbc225e406e5453068a2bfbe.pdf>. Acesso em dez 2019.




VEIGA, Ernesto Fonseca; ARAÚJO, Wendi Müller; DA SILVEIRA JR, Carlos Roberto. Projeto de um robô de baixo custo para utilização como ferramenta de robótica educativa para escolas públicas. Brazilian Journal of Education, Technology and Society, v. 2, n. 1, p. 128-131, 2011.



[1] Graduando em Engenharia Mecatrônica pela FIAP/SP. Email: gustavo.yamashita@outlook.com
[2] Doutor em Educação Matemática e Novas Tecnologias. Docente junto a FIAP/SP no curso de Engenharia Mecatrônica. Email: cristoneis@gmail.com
[3] Em Las Vegas e no Japão este serviço existe desde 2015. No Brasil, em São Paulo em 2018 foi registrado o primeiro hotel  com este recurso. Em: <https://veja.abril.com.br/tecnologia/hotel-brasileiro-usara-robo-para-atender-hospedes-em-sao-paulo/>. Acesso em jan. 2020.
[4] O robô deixou de se comunicar com a Terra em junho de 2018, após uma tempestade de poeira no Planeta Vermelho. Cf. Galileu (on line).  Após 15 anos, NASA encerra missão da sonda Opportunity em Marte. Em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2019/02/apos-15-anos-nasa-encerra-missao-da-sonda-opportunity-em-marte.html>. Acesso jan. 2020.
[5] Tradução livre do autor, texto original: La robótica se relaciona en sí con el deseo de sintetizar algunos aspectos de la función humana mediante el uso de mecanismos, sensores, actuadores y computadoras.
[6] É baseada na linguagem Wiring e seu ambiente de desenvolvimento é baseado no Processing,

Comentários

Postagens mais visitadas